Há
dias, em que ele sai bonito, cheiroso, encorpado,
pronto para ser saboreado,
degustado à brasileira, ou por todos
que o queiram conhecê-lo.
Você deseja mais uma pitada de sal...
Pode colocá-la a seu contento.
Há dias, em que sai da panela, voando
nas Asas da Poesia.
Aí eu páro um pouquinho e vou
sentir seu espírito.
Voou
e não quer mais parar.
Quer ir mais longe, aonde não o conheçam,
ser provado por outras bocas.
E lá vai ele, pulando, saltando em
seus grãos, quase cozidos,
mas ainda tem força para andar.
Bateu
numa casa:
"Sou Eu"!
O Feijão da Poesia que veio lhe visitar.
" Posso entrar"?
"Já ouviu falar de mim"?
Não!
"E da minha Poesia"?
Sim!
"Será ela mais importante do que
eu que te alimento todos os dias?
Comes Poesia?
Sentes o seu sabor?
Sentes quando ela está mais bonita,
menos hermética"?
Sim!
"E não sabes nada de mim...
Buah!
Que decepção.
Vim até aqui e nada"...
Vou-me
embora, para outras plagas, talvez em outros
países me conheçam melhor...
Dizendo isso, Seu Feijão foi resmungando
e não voltou mais.
Eu
o estou procurando, com uma pitada de sal
a mais ou a menos,
na minha Vida, na sua Vida...
Eda Carneiro da Rocha
"Poeta Amor"